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A felicidade não está na aparência.

A felicidade não está na aparência e nesse materialismo cego.

Que a felicidade verdadeira seja por nós aprendida a cada dia mais.

Reis, realezas e renúncias
De Bento XVI em diante, o ‘basta às pompas’ que marcaram uma década

Estamos iniciando um novo ciclo, uma nova década. E nada melhor que refletirmos a respeito de alguns eventos que marcaram esse último ciclo.
Quem imaginou que um papa “abdicaria” do trono de Pedro? Quem imaginou que membros da família real britânica renunciariam a seus títulos?
Ou que um papa “do fim do mundo” provocaria uma verdadeira revolução pautada na simplicidade?

Pessoas que, com suas atitudes, pedem que o mundo acorde dessa superficialidade enquanto é tempo.

Personalidades que não suportaram por muito tempo os papéis que lhes atribuíram nesse teatro social: quiseram ser mais e demonstraram que são mesmo.

Os holofotes cegam e, muitas vezes, ofuscam a luz daquele farol enferrujado, posicionado no alto da montanha, que está ali para nos indicar o caminho.
Há quem possua o mundo inteiro, mas permanece com aquele “desejo de sol”: se cansaram dessas luzes artificiais, dos fogos de artifício de uma vida sem propósito.

Em tais decisões, escondem aquele desejo de normalidade em uma período no qual o culto à imagem e ao materialismo imperam.

Bento XVI está feliz da vida: não tenhamos dúvidas disso.

Com o tempo, por causa de seus afazeres, talvez acabou vivendo uma vida que não era sua.
Logo ele que sempre deixou claro que gostaria de ter encerrado os seus dias fazendo o que mais gostava de fazer: expandir essa capacidade de erudição que lhe é característica, mudar o mundo a partir da sua escriania.

Ao contrário do que retratou o filme Dois papais, de Fernando Meirelles, o papa emérito jamais viu o estudo como algo que o afastara de sua missão, mas como sua missão, como a atividade na qual ele poderia ser ele mesmo e, assim, contribuir com os demais.
Se não somos nós mesmos, certamente negligenciamos a nossa missão. Aliás, ser gente é a maior dádiva e a nossa maior missão.

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O resto é vaidade das vaidades. Ad multus annos à vida que Bento XVI sempre quis.

Harry e Megan. Épico e existencial. Renúncia às pompas, à superficialidade; aquele “welcome” à normalidade.
Um não aos protocolos, à realeza, às regalias.
No fim das contas, a felicidade não está na aparência e nesse materialismo cego.
Há muita vida lá fora, para além de todos esses muros, dessas falsas proteções.

“A Megan é a culpada de tudo”, dizem. Aquela velha mania de atribuir a “culpa” – que, no caso, nem culpa é – ao mais fraco.
Mas, infelizmente, estamos acostumados: quem humaniza, não sai ileso de acusações de todo tipo.
Harry nunca escondeu o desejo de explorar o mundo fora do palácio e encontrou a “partner in crime” que topou a aventura.

Por isso, a felicidade não está na aparência e nesse materialismo cego.

A verdade é que muitas pessoas não querem “largar o osso” da comodidade, da aparência e do supérfluo.
Têm medo de se arriscar, de amar, de perder para ganhar.
Como dizia Chesterton, “a coisa mais extraordinária do mundo é um homem comum, uma mulher comum e filhos comuns”.

Boa vida para eles que agora rezam dentro de um palácio, longe das preocupações externas e àqueles que escolheram sair dele em busca de um sentido para viver.
Cada qual em busca de encontrar-se. Cada qual um sinal para um mundo a seu modo.

*Mirticeli Dias de Medeiros é jornalista e mestre em História da Igreja pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Desde 2009, cobre primordialmente o Vaticano para meios de comunicação no Brasil e na Itália, sendo uma das poucas jornalistas brasileiras credenciadas como vaticanista junto à Sala de Imprensa da Santa Sé.

Fonte: Vaticano News e Dom Total