Religião

Católicos da Baviera rezam por Bento XVI

Católicos da Baviera rezam por Bento XVI

A emoção é maior na Baviera, onde nasceu, e, sobretudo, em Ratisbona, cidade medieval às margens do Danúbio, onde Bento XVI viveu durante muitos anos

Na Baviera, onde Bento XVI nasceu, o declínio do estado de saúde do papa emérito alemão desperta emoção entre os católicos, embora a lembrança das polêmicas em que se envolveu ofusque as homenagens.

Alguns fiéis enfrentaram o frio nesta quinta-feira (29) para assistir à missa diária das 07h00 na catedral gótica de Ratisbona (sul), onde um grande retrato do ex-papa foi colocado perto do altar.

“Peço que acompanhem Bento em sua última viagem”, disse o bispo auxiliar da cidade, convidando os fiéis a rezar pelo ex-papa “gravemente doente”.

Na quarta-feira, o papa Francisco pediu a todos os católicos uma “oração especial” por seu antecessor, cujo estado de saúde piorou consideravelmente nos últimos dias.

A emoção é maior na Baviera, onde nasceu, e, sobretudo, em Ratisbona, cidade medieval às margens do Danúbio, onde Bento XVI viveu durante muitos anos.

Lá, todo mundo tem uma história sobre ele. “Ele costumava passar por nossa casa”, lembra Birgit Steib, de 53 anos, ao deixar a missa na catedral. Esta bióloga de Ratisbona declarou-se “abalada” pelo anúncio do Vaticano.

“Foi um grande teólogo. Aprendi muito com ele”, disse Eva Maria Strobel, de 64 anos, professora de religião em uma escola da região.

Bento XVI ensinou teologia de 1969 a 1977 na Universidade de Ratisbona e voltava regularmente como papa para visitar seu irmão, um maestro de coro católico que morreu em 2020, ou para visitar os túmulos de seus pais.

Controvérsias

No entanto, a emoção não esconde o rancor que surgiu após acusações, feitas em 2022, de Bento não ter agido contra o abuso infantil durante sua gestão como arcebispo de Munique, entre 1977 e 1982.

“Pessoalmente, não sou muito a seu favor, porque encobriu muitas coisas, ou não tornou público o que estava sob sua responsabilidade, o que estava errado”, disse Sybille Mandl, de 70 anos, à AFP.

A igreja alemã foi abalada nos últimos anos por alegações de que o ex-papa não fez nada para afastar quatro clérigos suspeitos de abuso de menores quando era arcebispo de Munique. Em fevereiro, o ex-pontífice saiu do silêncio para pedir “perdão”, mas garantiu que nunca havia encoberto um pedófilo.

Sua renúncia, anunciada em latim em 11 de fevereiro de 2013, foi uma decisão pessoal ligada à falta de força e não à pressão dos escândalos, garantiu o ex-papa em um livro publicado em 2016.

AFP