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O que Jesus faria na velhice?

O que Jesus faria na velhice?

Jesus aceitaria cada momento como o presente que é, e cada pessoa também. O que Jesus faria se tivesse 70 ou 80 anos?

NCR

Quando você fica velho como nós, você reconhece que Jesus nunca chegou aos 70 ou 80 anos.

E esse homem é o modelo para todo cristão. O que Jesus teria feito se tivesse chegado nos 80? Jesus passou grande parte de sua vida se preparando para seu trabalho. Então veio seu ministério ativo de três anos.

E depois sua crucificação aos 33 anos e sua ressurreição.

Lembramos dos nossos 30 anos e de toda a energia que mudava o mundo que tínhamos. Sabemos o que é acelerar o dia todo, dormir algumas horas e ter uma ambição infinita de corrigir os erros.

Podemos ver Jesus andando para cima e para baixo na Galileia e em Samaria, subindo para Jerusalém. Sabemos como se sentiu. Podemos vê-lo juntando-se aos discípulos para distribuir os cinco pães e os dois peixes para alimentar a multidão. Podemos vê-lo pregando o Sermão da Montanha.

E também o vemos no templo, derrubando as mesas, chicoteando os cambistas e expulsando os bois e ovelhas vendidos ali para sacrifício.

Não podemos nos ver fazendo isso. Não mais. Por um lado, as pessoas apenas ririam de dois velhos trapaceiros tentando ser ouvidos por cima do barulho daquele espaço mercantil. E, por outro lado, algum segurança (espero que seja um segurança gentil) simplesmente entraria e nos conduziria até a porta.

Nós não poderíamos fazer isso fisicamente. E, verdade seja dita, teríamos dificuldade em atiçar fogo de indignação suficiente para levá-lo adiante. Ao longo de nossas muitas décadas, vimos muito e fizemos muito e ficamos indignados com muita coisa. Agora, estamos meio cansados e um pouco tristes.

O que Jesus faria se tivesse 70 ou 80 anos? Estamos tentando descobrir isso.

Costumávamos ser gladiadores na arena da luta pelo que é certo, como membros de um bando de cavaleiros em busca do Santo Graal, um de nós como padre e depois advogado, o outro como repórter de jornal. E ainda fazemos um pouco disso.

Todavia, como dissemos um ao outro no café da manhã no outro dia em uma lanchonete da esquina, o mundo nos disse que não precisa mais de nós. Muitas vezes, cada um de nós se sente como um ponto de carne envelhecido agarrado à pequena rocha da terra, arremessando-se a velocidades vertiginosas, passando por estrelas e galáxias inteiras em um universo sem limites.

Em nossos 30 anos, sentimos que nossos esforços eram essenciais para o aperfeiçoamento da raça humana. Agora, se um de nós está no trem em Chicago e aparecer uma jovem grávida, cederemos o lugar para ela e ela para nós. (Isso aconteceu. Mais de uma vez.)

Uma coisa, temos certeza, é que, se Jesus tivesse, digamos, 75 anos, ele se juntaria a nós para o café da manhã. Ou para o almoço. Ou para um jogo de golfe semanal. Ou para um jogo de basquete muito lento. (Se você quiser se sentir velho, basta entrar em um jogo com três ou quatro caras na faixa dos 30 anos e vê-los voar para cima e para baixo na quadra, quase sem fôlego.)

Fazemos muitas dessas coisas sociais porque, bem, temos tempo.

Se Jesus tivesse se juntado a nós para o café da manhã, ele teria se juntado a nós para falar sobre lapsos de memória (Por que entrei nesta sala?) e sobre um amigo próximo que morreu há alguns anos e sobre um neto e sobre alguém que conhecemos que está de luto pela morte de um irmão. Ele teria participado de nossa discussão de tentar descobrir como se relacionar com nossos filhos adultos que, para nossa grande surpresa, têm vidas que não nos têm no centro.

E Jesus teria se juntado a nós para lamentar nossas dores e problemas de saúde e limitações. E ele teria sua parte. Jesus era humano, afinal.

Na verdade, se Jesus tivesse chegado a 75, estaria fazendo praticamente o mesmo tipo de coisa que estamos fazendo. Como nós dois, conversava regularmente com médicos tão jovens que pareciam adolescentes. E estaria encontrando maneiras de preencher seu tempo enquanto o resto do mundo cuidava de seus negócios ocupados.

E andava por aí e falava ao telefone e ia a velórios e funerais para outros peidos velhos.

O que Jesus faria? Ele viveria o mesmo tipo de vida que estamos vivendo. Ele seria. Simplesmente viveria.

Em vez de ministrar para grandes multidões e percorrer longas milhas em estradas poeirentas, estaria ministrando para caras como nós, como ele. Simplesmente estando lá.

Jesus levaria seu ministério sendo semelhante a Cristo. Isto é, realmente ouvindo os outros velhos que não estão procurando tanto por respostas, mas por alguém que as ouça. Ele seria honesto sobre o que estava sentindo em uma idade tão avançada. Se estivesse perturbado em espírito, seria honesto sobre isso e não tentaria fingir que tudo estava ótimo. Quando você chega à nossa idade, nada é tão bonitinho.

Jesus iria visitar os doentes, se não fosse muito deprimente para ele, ou muito traumático. Ele aceitaria a humildade que a idade o forçara, a menos que essa fosse uma daquelas vezes em que estivesse inconforme com isso.

Jesus aceitaria cada momento como o presente que é, e cada pessoa também. E reflita isso com todos ao seu redor.

Então, é assim que decidimos agir. Vamos ser como Cristo.

O que quer dizer que vamos ser nós mesmos, mas apenas melhores.

Traduzido por Ramón Lara.

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