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Estão matando o Papa Francisco

Estão matando o Papa Francisco

As táticas utilizadas pelos opositores do Papa para enfraquecer o seu projeto reformado

Mirticeli Medeiros*

Quando o assunto é saúde do pontífice, precisamos admitir: o Vaticano não gosta muito de ser questionado sobre a questão. Porém, é de se comemorar que, atualmente, é o próprio Papa quem nos atualiza a respeito do seu quadro. Dito isso, vamos ao que interessa: como, de fato, Francisco está? O que estão escondendo de nós?

Sem perder o bom humor, o pontífice disse recentemente, a nós jornalistas, em voo de regresso a Roma, após visita apostólica a Malta, em abril, que seu corpo “é caprichoso” e volta e meia “lhe prega uma peça” – se referindo às vezes que precisou cancelar compromissos por causa de suas enfermidades.

Estamos diante de um idoso de 85 anos que, certamente, não tem a mesma vitalidade de quando assumiu o pontificado, em 2013. Exigir uma boa forma a alguém está sempre sobrecarregado e, de quebra, ainda acumula vários problemas de saúde, é meio insano. O problema é que quem faz questão de dizer “que o Papa está nas últimas”, está longe de ser a pessoa que simplesmente custa em admitir que o Papa também possui fragilidades como qualquer ser humano. Essa aí, ao menos, gosta do Papa e faz votos de ad multos annos a seu reinado, além de sofrer com a ideia de perdê-lo.

Quem mata o Papa antes do tempo é o indivíduo que quer vê-lo morto desde quando ele despontou no balcão principal da Basílica de São Pedro sem “os tradicionais trajes de gala”, naquela noite chuvosa de 13 de março de 2013. Diante de uma multidão que aguardava, ansiosa, o Habemus Papam, Francisco assumiu o leme de uma instituição que, naquele momento, precisava aparar as arestas para libertar-se dos “vícios de corte” de uma vida. Os “viciados”, por sua vez, se sentiram prejudicados e ameaçados.

E foi aí que tudo começou. Uma cruzada para “conquistar Roma”, sendo que ela só pode pertencer ao Papa.

De repente, sem que nos déssemos conta, 9 anos se passaram. Tempo suficiente para que uma corja, que se diz iluminada, ganhasse corpo (e dinheiro!). E eles trabalham dia e noite no resgate de uma “idade de ouro do catolicismo” que jamais existiu, mas tem força suficiente para manter uma rede de editoras, “centros culturais” e youtubers que prostituem o sentimento religioso em prol da monetização do próprio conteúdo. Não é simplesmente uma rede de fake-news, mas um projeto de desvirtuação do próprio catolicismo.

A tática é a mesma, embora alguns consigam camuflar as reais intenções, para convencer quem, ainda, é devoto do cargo que Francisco ocupa: condicionar a opinião pública (católica) a acreditar que Francisco está destruindo a Igreja Católica. E, dentro desse contexto, abreviar os dias do Papa, por meio de notícias infundadas, torna-se um cheio para impulsionar o crescimento dessas facções – sim, facções partidárias que sequer podemos chamar de religiosas, já que o sentido do re-ligare, neste caso, se esvazia completamente. Servem a Césares da política, da economia e do mundo do business, não a Deus.

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A artimanha para enfraquecer a imagem do “pontífice que não agrada” é antiga. A Renascença foi palco de muitos desses jogos de cena. Inocêncio XIII, Giulio II, Pio III e tantos outros que o digam. Na manifestação de uma mínima limitação física do pontífice, o grupo que almejava o trono de Pedro já estava à espreita, reverbarizando, de antemão, a figura do “papa quase morimbundo”, na tentativa de abocanhar a tiara. E foi aí que intensificou a tendência de informar pouco sobre as enfermidades do Papa.

Francisco rompe com essa tradição. Ele adianta essa informação aos jornalistas para evitar que os porta-vozes mal-intencionados tenham a vez. E, para completar, recheia a sua agenda ainda mais de atividades, para desespero de quem torce para que a reforma não aconteça.

E corroborar um suposto definhamento do Papa é um dos instrumentos eficazes para desestabilizar qualquer pontificado. Momento propício para que entrem os “pré-conclavistas” e seus investidores diretos. Por isso o Vaticano, de certa forma, “se blinda”, evitando a divulgação desse tipo de informação, o que é compreensível, haja vista o contexto atual.

Sim, alguns bispos, padres e leigos querem, sim, que Francisco morra. Não sejamos ingênuos.

Estamos falando de um papa reformador, um dos poucos da história. Lidar com um pontífice que faz mudanças significa estar preparado para enfrentar uma tropa que está disposta a tudo para manter seus privilégios. Basta folhearmos as páginas amareladas da história da Igreja para vermos o quanto as reformas sempre incomodaram os grupos poderosos de turno.

Já na época que Francisco foi eleito, circularam a notícia que o pontífice argentino não poderia governar por muito tempo por causa de seu famoso problema no pulmão, embora a situação tenha sido resolvida numa mesa de cirurgia, quando ele ainda era jovem.

Em seguida, inventaram que ele estava com um tumor na cabeça, para passarem a ideia de que as mudanças que ele encabeçava seriam fruto de um distúrbio mental, provocado pela suposta doença.

Agora, atribuem a um problema de joelho – no ligamento cruzado do joelho direito, para ser mais precisa -, que, acrescentado à dor ciática que o acompanha há décadas, o impede de andar. Para um idoso nessas condições, certamente uma cadeira de rodas não deveria ser vista como um tratamento fora dos padrões. Além disso, que eu saiba, ninguém nunca morreu em decorrência de lesões em terminações ou músculos…

Dom Total