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Mudança climática provocou mais chuva na temporada de furacões de 2020, diz estudo

Mudança climática provocou mais chuva na temporada de furacões de 2020, diz estudo

Durante a temporada, foi registrado um total de 30 tempestades e furacões, um recorde que deixou os especialistas sem nomes para batizar esses fenômenos meteorológicos

Eta e Iota tocaram solo com menos de duas semanas de intervalo em novembro de 2020 no mesmo trecho da costa da Nicarágua Foto (STR/AFP)

A mudança climática provocou um aumento de entre 5% e 10% das chuvas durante a temporada de ciclones no Atlântico norte em 2020, segundo um estudo publicado nesta semana.

Durante a temporada, foi registrado um total de 30 tempestades e furacões, um recorde que deixou os especialistas sem nomes para batizar esses fenômenos meteorológicos, pela segunda vez na história.

Doze tempestades ou furacões tocaram o solo nos Estados Unidos e provocaram dezenas de bilhões de dólares em danos.

Os autores do estudo, publicado na revista Nature, compararam as chuvas geradas durante esses episódios meteorológicos com modelos que supostamente indicam a quantidade de chuva que teria caído sem a mudança climática.

“A conclusão principal do nosso estudo é que a mudança climática provocada pelos humanos aumentou as chuvas extremas associadas à temporada dos furacões entre 5% e 10%”, explicou à AFP o autor principal, Kevin Reed, da universidade de Stony Brook, nos Estados Unidos.

O estudo analisa particularmente os episódios de chuva durante um curto período de tempo e a chuva contínua (menos intensa) durante um período mais longo.

Em termos globais, para o conjunto da temporada ciclônica, a mudança climática aumentou em 5% o volume de chuva que caiu nos três piores dias e em 10% a chuva que caiu nas três horas mais intensas, em relação aos dados disponíveis de 1850.

Os números “não são surpreendentes” se considerarmos que a concentração da umidade na atmosfera aumenta 7% por grau Celsius, explica o estudo.

No caso dos furacões, o impacto da mudança climática é ainda mais acentuado, com um aumento de 8% (nos três dias de maior precipitação) e de 11% (nas três horas de piores registros), o que significa “quase o dobro” do esperado pelos cientistas.

As tempestades e furacões são formados pela combinação da umidade com a temperatura da superfície marinha.

Grande parte dessas tempestades se formou em 2020, quando a temperatura no Atlântico norte era maior que 27ºC, ou seja, entre 0,4ºC e 0,9°C a mais que na era pré-industrial.

Por causa das emissões de gás de efeito estufa, a temperatura média do planeta aumentou aproximadamente +1,1°C em relação à era pré-industrial.

AFP