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O presente das boas cronistas

O presente das boas cronistas

Hoje nem é dia especial para homenagear cronistas, nenhuma data festiva a respeito, mas faço uso do espaço para falar bem deles em inúmeras épocas e contextos

Tempos loucos não é? Mais do que uma redundância dizer isso é uma estupefação cotidiana, uma sensação de que estamos numa areia movediça e que fica cada dia mais difícil escrever com bom humor ou visões róseas dos horizontes. Ainda bem que existem ainda cronistas como o Tom Cardoso para dar conta desses recados ainda mais com a sensacional capacidade que ele tem para criar diálogos divertidos.

Hoje nem é dia especial para homenagear cronistas, nenhuma data festiva a respeito, mas faço uso do espaço para falar bem deles em inúmeras épocas e contextos, praticando esse gênero tão brasileiro e tão diverso, tão saboroso e propenso a traduzir os nossos melhores e piores momentos e sentimentos. Escalação que vai dos remotos João do Rio e do nosso Machadão de Assis a Antonio de Alcântara Machado e depois a trinca infernal de Paulo Mendes Campos, Rubem Braga e Antonio Maria passando pelos também sensacionais Fernando Sabino, Cony, Otto Lara Resende, Manuel Bandeira e, chegando mais próximo, Lourenço Diaféria , Ignácio de Loyola Brandão e tantos, tantos outros mais que fica difícil encher os caderninhos.

Mas hoje faço essas citações e essa homenagem à crônica para evitar de falar explicitamente mais uma vez sobre minha certa obsessão no tema “o passado era

melhor”. É que não consigo mesmo achar que lá na frente exista um futuro melhor diante de tanta violência e devastação em todos os sentidos e direções.

Então, para não falar mas falando do tema, uso de uma imagem singela e propícia de uma jornalista e cronista de mão cheia ( que publica mais em seu face do que em livro ou portais) chamada Marina Moraes que sinceramente nem lembro se conheço ao vivo ou se apenas virtualmente visto que temos tantos amigos e afinidades em comum e isso é o que importa afinal de contas. Independente disso festejo o que ela escreve e como escreve até num mero comentário no post de um amigo comum que nem foi uma crônica. Então diz a Marina resumindo com muito mais competência do que eu com a minha obsessão seria capaz de dizer : “Muito difícil o momento. Parece que não há nada para equilibrar a tristeza, as perdas. Só o passado é que guarda, pelo espelho retrovisor, uma perspectiva boa”.

Pois então Marina e prezados leitores. Não lhes parece estar alguma coisa absolutamente fora da ordem quando só o retrovisor mostra perspectivas boas ?. Olha, mora na melancolia, eu realmente não queria rimar dor com estupor. Mas assim se faz essa modesta canção crônica de tempos vividos. Está tudo uma loucura ( repito, tempos loucos, não é?) e sobre o tema é necessária boa reflexão como o fez outra cronista mineira, essa chamada Daniela Mata Machado no endereço anpinhoso. Mais uma prova crônica de que devemos ampliar nosso horizonte em buscas de novos e bons cronistas e não insistir em alguns tediosos medalhões que confundem o gênero com comentários ligeiros, nada faceiros e totalmente dispensáveis. Mas aí é outra prosa e não vou azedar esse caldo que se pretende doce e singela homenagem às boas cronistas de nossa pátria amada esculachada.

Dom Total