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O Papa Francisco: Ano jubilar 2025

O Papa Francisco: Ano jubilar 2025 pode restaurar a esperança após anos de pandemia e sofrimento

“Pode contribuir muito para restaurar um clima de esperança e confiança”

O Papa Francisco fecha a Porta Santa da Basílica de São Pedro para marcar o encerramento do Jubileu do Ano da Misericórdia no Vaticano em 20 de novembro de 2016, foto de arquivo. O papa escreveu uma carta explicando suas esperanças para o Ano Santo em 202

O Papa Francisco fecha a Porta Santa da Basílica de São Pedro para marcar o encerramento do Jubileu do Ano da Misericórdia no Vaticano em 20 de novembro de 2016, foto de arquivo. O papa escreveu uma carta explicando suas esperanças para o Ano Santo em 202 (CNS/Tiziana Fabi, pool via Reuters)

America Magazine

O Papa Francisco pôs em marcha os preparativos para o Ano Jubilar de 2025, que acredita “pode contribuir muito para restaurar um clima de esperança e confiança como prelúdio da renovação e renascimento que desejamos com tanta urgência” após dois anos de pandemia e sofrimento.

Francisco escolheu “Peregrinos da Esperança” como lema do Ano Santo e, no dia 3 de janeiro, confiou ao arcebispo italiano Rino Fisichella, chefe do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, a responsabilidade de organizar este evento, que espera trazer milhões de peregrinos de todo o mundo a Roma.

Para encorajar ainda mais o esforço preparatório, Francisco enviou hoje uma carta ao arcebispo Fisichella, posicionando este jubileu como um ano em que “devemos acender a chama da esperança que nos foi dada e ajudar a todos a ganhar novas forças e certezas, olhando para o futuro com um espírito aberto, um coração confiante e uma visão de longo prazo”.

Recordou que todos os países do mundo sofreram nestes últimos dois anos por causa da pandemia que “nos fez experimentar em primeira mão não só a tragédia de morrer sozinhos, mas também a incerteza e a fugacidade da existência e, com isso, mudou muito o nosso estilo de vida”.

Os cristãos, disse Francisco, “junto com todos os nossos irmãos e irmãs” em todo o mundo, “suportaram essas dificuldades e limitações. Nossas igrejas permaneceram fechadas, assim como nossas escolas, fábricas, escritórios, lojas e locais de recreação. Todos nós vimos certas liberdades cerceadas, enquanto a pandemia gerava sentimentos não apenas de luto, mas também, às vezes, de dúvida, medo e desorientação”. Felizmente, apontou o Papa, a comunidade científica “desenvolveu rapidamente um remédio inicial que gradualmente nos permite retomar nossas vidas diárias”.

Escrevendo em 11 de fevereiro, festa de Nossa Senhora de Lourdes, o Papa Francisco fez uma nota distintamente positiva ao declarar: “Estamos totalmente confiantes de que a pandemia será superada e que o mundo retornará ao seu padrão habitual de relacionamentos pessoais e vida social.”

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A empatia de Francisco

“Isso acontecerá mais prontamente na medida em que pudermos demonstrar uma solidariedade efetiva”, disse, para que “os mais necessitados não sejam negligenciados e todos possam ter acesso a avanços científicos e aos medicamentos necessários”.

O Papa também enfatizou a necessidade de “recuperar o senso de fraternidade universal” e “recusar-se a fechar os olhos à tragédia da pobreza desenfreada que impede milhões de homens, mulheres, jovens e crianças de viver de maneira digna de nossa dignidade humana”. Francisco ainda pediu maior atenção à situação dos “muitos refugiados forçados a abandonar suas terras nativas”.

Em sua carta, o Papa Francisco enfatizou que “a dimensão espiritual do Jubileu, que clama pela conversão, deve abranger também esses aspectos fundamentais de nossa vida em sociedade como parte de um todo coerente”. O Santo Padre apontou que deveria incluir o cuidado com a criação – “nossa casa comum” – e observou que “um número crescente” de homens, mulheres, jovens e crianças, “perceberam que cuidar da criação é uma expressão essencial de nossa fé em Deus”.

Ele pediu ao arcebispo Fisichella que “encontre caminhos adequados” para que o Ano Santo “seja planejado e celebrado com fé profunda, esperança viva e caridade ativa” e que estimule o alcance pastoral das igrejas locais e intensifique seu compromisso com a sinodalidade.

O Papa Francisco concluiu:

Desejaria muito que dedicássemos 2024, ano que antecede o evento jubilar, a uma grande ‘sinfonia’ de oração. Oração, acima de tudo, para renovar nosso desejo de estar na presença do Senhor, de ouvi-lo e adorá-lo. Oração, para agradecer a Deus os muitos dons do seu amor por nós e para louvar a sua obra na criação, que convida todos a respeitá-la e a tomar medidas concretas e responsáveis para protegê-la. A oração como expressão de um único “coração e alma” (cf. At 4,32), que se traduz em solidariedade e na partilha do pão de cada dia. Oração que torna possível para cada homem e mulher neste mundo se voltar para o único Deus e revelar a ele o que está escondido nas profundezas de seu coração. A oração como caminho régio para a santidade, que nos permite ser contemplativos mesmo no meio da atividade.

Este é o segundo ano jubilar convocado pelo Papa Francisco. Mas, ao contrário do Jubileu da Misericórdia extraordinário em 2015, o próximo será um jubileu ordinário, que acontece a cada 25 anos.

O Papa Francisco disse que “o povo santo e fiel de Deus” experimentou a celebração jubilar “como um dom especial da graça, caracterizado pelo perdão dos pecados e, em particular, pela indulgência, que é uma expressão plena da misericórdia de Deus”.

O último jubileu ordinário aconteceu no ano 2000 e foi inaugurado pelo Papa João Paulo II quando a humanidade entrou no novo milênio. Milhões de pessoas vieram a Roma então, incluindo milhares de jovens. O Papa Francisco espera que o Jubileu de 2025 possa testemunhar algo semelhante.

O arcebispo Fisichella, que organizou com sucesso o Ano Jubilar da Misericórdia de 2015, disse ao Vatican News em 13 de janeiro que “uma das prioridades é a recepção de peregrinos e fiéis, com um grande número de peregrinos esperados em Roma durante o Ano Santo – com a esperança de que nos próximos dois anos a emergência de saúde não afete mais as atividades como hoje.”

Um ano jubilar é um ano especial de graça, no qual a Igreja oferece aos fiéis a possibilidade de obter uma indulgência plenária. Tradicionalmente, começa pouco antes do Natal e termina na Epifania do ano seguinte.

O papa inaugura o Ano Santo com o rito da abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro. Depois disso, as Portas Santas das outras basílicas papais – São João de Latrão, São Paulo extramuros e Santa Maria Maior—são abertos e assim permanecem até o final do ano jubilar.

Traduzido por Ramón Lara

Escrito por Gerard O’Connell, correspondente americano do Vaticano e autor de The Election of Pope Francis: An Inside Story of the Conclave That Changed History. Ele cobre o Vaticano desde 1985. @gerryorome