Religião

Luz a um mundo fechado

Luz a um mundo fechado.

Urge reconhecer o quanto é determinante oferecer luz a um mundo fechado.

É hora de aceitar um recomeço guiado por uma luz incandescente

É hora de aceitar um recomeço guiado por uma luz incandescente (Unsplash/Mohammad Shahhosseini).

Ouvir o profeta Isaías, em sua sabedoria e maestria, contribui para adotar medidas que podem trazer o novo esperado – o brilho da nova luz. O profeta chama a atenção para a urgência de se vivenciar um despertar da consciência missionária e assumir a responsabilidade cidadã.

O ponto de partida é reconhecer a escuridão sobre o povo – manifestada em gestos ou omissões, movimentos e acontecimentos – para que se possa compreender melhor sobre a urgência de se brilhar nova luz. Há, pois, uma referência maior – Aquele que tem a autoridade proclamada na Palavra de Deus: “Eu, o Senhor, te chamei para a justiça e te tomei pela mão. Eu te formei e te encarreguei de seres a aliança do meu povo e a luz das nações”. A pessoa que porta todas essas prerrogativas não se encontra na lista do comum dos mortais.

Ele esparge centelhas de seu brilho, reavivando mentes e corações, clareando rumos. É Jesus Cristo, o
do mundo.

Vivenciar o Tempo do Advento, preparação para celebrar o Natal de Jesus, é oportunidade para encontrá-lo, experiência que acalenta o sonho de um novo tempo para a humanidade aterrorizada, abalada por muitos descompassos e sofrimentos. Retardar esse encontro com Jesus é permanecer nas trevas. Não admitir que Ele é o Salvador significa acomodar-se na ignorância.

Deixar de buscar o autêntico sentido da celebração do seu Natal é correr o risco de se contentar com situações efêmeras e manter-se em um mundo fechado, “abrindo mão” de alcançar a iluminação. Urge reconhecer o quanto é determinante oferecer luz a um mundo fechado. Essa luz é Cristo que, no horizonte natalino, oferece muitas possiblidades existenciais aos que decidem buscá-lo.

E Ele se deixa encontrar, sempre se faz próximo de todos.

Ideologias, argumentos e até razões “caem por terra” quando se experimenta o encontro com Jesus, luz para um mundo fechado. Desse encontro, surge profunda alegria de viver e um sentimento de honra maior por se inscrever na lista dos discípulos de Cristo. No horizonte está, pois, o desafio de se aprender mais sobre o mundo que ainda está fechado às lições de Cristo.

Esse aprendizado ajudará a romper barreiras e a dissipar a escuridão que cobre a humanidade.

A luz do Salvador – quando experimentada – fomenta, alicerça e se desdobra em gestos que desenham um mundo aberto ao amor e à solidariedade. Por isso mesmo, o papa Francisco, na carta encíclica Fratelli Tutti, elenca os desafios a serem superados para que a humanidade se liberte das amarras que a aprisionam em atrasos e descompassos.

Há um sério comprometimento da fraternidade universal, mergulhando o mundo em um “beco sem saída e sem retorno”. É grave a advertência feita quando o papa Francisco diz que a história dá sinais de regressão. “Reacendem-se conflitos anacrônicos que se consideravam superados, ressurgem nacionalismos fechados, exacerbados, ressentidos e agressivos.

Em vários países, certa noção de unidade do povo e da nação, penetrada por diferentes ideologias, cria novas formas de egoísmo e de perda do sentido social, mascaradas por uma suposta defesa dos interesses nacionais”.  Modos de ser e de agir que configuram um mundo fechado pelos egoísmos, autoreferencialidades patológicas, onde cresce a indiferença generalizada em relação aos pobres e a manipulação interesseira da Casa Comum.

 É hora de aceitar um recomeço guiado por uma luz incandescente.

Tempo de investir para ajudar o povo a levantar-se e a avançar na busca pelo bem, pelo amor, pela justiça e pela solidariedade, que não são alcançados de uma vez, nem para sempre, mas conquistados a cada dia. Que a humanidade se coloque diante da luz – presença amorosa do Salvador do mundo. Ele vem como criança recém-nascida, desconcertando poderios e arquiteturas de domínios.

O mundo contemporâneo padece por estar fechado.

A luz, que é Cristo, pode abrir a humanidade a aprendizados, capacitando-a para rever critérios, intuir novos estilos de vida e se sensibilizar ante diferentes clamores. Seja sempre oferecido Jesus Cristo ao mundo, pois Ele é a salvação para a humanidade.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, MG – Brasil. Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma (Itália) e mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma (Itália). Membro da Congregação do Vaticano para a Doutrina da Fé. Dom Walmor presidiu a Comissão para Doutrina da Fé da CNBB. Também exerceu a presidência do Regional Leste II da CNBB – Minas Gerais e Espírito Santo. É o Ordinário para fiéis do Rito Oriental residentes no Brasil e desprovidos de Ordinário do próprio rito. Autor de numerosos livros e artigos. Membro da Academia Mineira de Letras. Grão-chanceler da PUC-Minas. Dom Walmor escreve toda sexta-feira para domtotal.

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