Religião

A missão dos cristãos no mundo hoje

A missão dos cristãos no mundo hoje.

Outubro é um tempo dedicado às reflexões sobre a missão dos cristãos no mundo hoje.

O missionário dos nossos tempos é alguém que caminha na direção contrária do mal estar que todos vivemos. Para os cristãos, o mês de outubro é um tempo dedicado às reflexões sobre a missão dos cristãos no mundo hoje. Já sabemos, por meio dos ensinamentos da comunidade cristã primitiva, que a missão é um imperativo para as pessoas que receberam o batismo. “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mt 28,19-20 ).
Por isso, o ser cristão é caracterizado tanto pela fidelidade discipular para com o Mestre Jesus, quanto pelo empenho de levar adiante sua mensagem às pessoas em todo o mundo.

Nessa perspectiva, é importante considerar ao menos dois fatores sobre a missão: o modo como transmitir a mensagem de Jesus e para quais pessoas e em quais contextos existenciais elas se encontram.

No início do seu pontificado, o papa Francisco recordou muito bem que o anúncio do Evangelho não requer necessariamente fórmulas e métodos prefixados, mas, conforme se expressou nos números 127 e 128 da exortação apostólica Evangelii Gaudium,

“[…] há uma forma de pregação que nos compete a todos como tarefa diária: é cada um levar o Evangelho às pessoas com quem se encontra, tanto aos mais íntimos como aos desconhecidos.

É a pregação informal que se pode realizar durante uma conversa, e é também a que realiza um missionário quando visita um lar.

Ser discípulo significa ter a disposição permanente de levar aos outros o amor de Jesus; e isto sucede espontaneamente em qualquer lugar: na rua, na praça, no trabalho, num caminho.
Nesta pregação, sempre respeitosa e amável, o primeiro momento é um diálogo pessoal, no qual a outra pessoa se exprime e partilha as suas alegrias, as suas esperanças, as preocupações com os seus entes queridos e muitas coisas que enchem o coração. Só depois desta conversa é que se pode apresentar-lhe a Palavra, seja pela leitura de algum versículo ou de modo narrativo, mas sempre recordando o anúncio fundamental: o amor pessoal de Deus que Se fez homem, entregou-Se a Si mesmo por nós e, vivo, oferece a sua salvação e a sua amizade”.

Nós vivemos um momento mundial no qual percebemos cada vez mais uma crescente polarização de ideias e ideologias e o acirramento entre os divergentes.

Por outro lado, no enfrentamento da pandemia de Covid-19, verificamos um negacionismo radical da doença aliado à uma indiferença para com a vida – a própria e a dos outros. Tudo isso gera o sintoma de mal estar que vivemos com consequências psicossomáticas gravíssimas.
A sensação de absoluta precariedade da existência é confrontada e amedrontada por uma devastação ambiental sem precedentes para os jovens desta época. As ameaças à vida se instalaram por tantos lados que nunca se exigiu tanto viver o hoje.

Mas a exigência de se viver o hoje não surgiu em razão da consciência de que o futuro nos escapa, mas porque do futuro se quer fugir, pois a esperança segue titubeando sem muita força equilibrista para acreditar noutra realidade menos dura.

Nesse cenário, não se pode negar, vê-se também nascer esforços de promoção da solidariedade, da comunhão e de uma consciência coletiva que seja capaz de fomentar ações para a garantia da vida e o bem estar das pessoas no planeta.

Mas os ecos são tão espaçados que chega a ser natural não acreditar numa transformação que garantirá a sobrevivência das espécies. Parece o fim.

É nesse momento que os cristãos precisam se perguntar o que significa ser missionário e transmitir ao mundo a mensagem do evangelho.
Certamente, boas iniciativas surgem como aproveitamento de tecnologias digitais disponíveis para o alcance de muitas pessoas de uma única vez.
Mas hoje se requer de uma maneira ainda mais exigente um verdadeiro testemunho dos cristãos.

Não somente aquele que se faz com a boca, no qual se diz “Senhor, Senhor”, mas aquele cujos atos e ações revelam o próprio Jesus e seu amor capaz de dignificar as existências.

Por essa razão, um(a) missionário(a) dos nossos tempos é alguém que caminha na direção contrária do mal estar que todos vivemos.

Não como fuga ou à revelia dos acontecimentos, dos sinais de nosso tempo, mas insistindo que dirijamos nossa história por um caminho que pode não permitir um retorno.

Por isso, sua postura na vida pode até parecer mais dura, pois a voz das suas ações grita sozinha no caótico deserto de discernimento do coração e da razão que vivemos em nossos dias.

Mas o(a) missionário(a) dos nossos tempos assumirá um compromisso efetivo de fazer a sua parte de cuidado da vida e da criação inteira e não se cansará de insistir que os grupos de vulneráveis sociais devem ter a vida assegurada – bem como devemos, como indivíduos e instituições, comprometer-nos com o cuidado da casa comum, que é também o cuidado de cada pessoa que sofre.

Só assim poderá contribuir para que o Evangelho não se torne o Livro Sagrado debaixo do braço ou dentro de uma bolsa, mas o amor de Deus ressuscitando a dignidade do mundo e da nossa humanidade desumanizada.

*Tânia da Silva Mayer é mestra e bacharela em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE); graduanda em Letras pela UFMG. Escreve às terças-feiras. E-mail: taniamayer.palavra@gmail.com

Fonte: Domtotal

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