Religião

Esperança uma urgência em tempos de pandemia

Meditações sobre a esperança: uma urgência em tempos de pandemia

Esperança é muitas vezes confundida como se fosse um sentimento. Esperançar é uma atitude diante da vida

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A grande diferença entre a esperança e a expectativa é que a primeira é operosa, ela nos coloca em movimento. (Lina Trochez/Unsplash)

“Vale a pena esperar, contra toda a esperança,
o cumprimento da Promessa que Deus fez a nossos
pais no deserto. Até lá, o sol com chuva, o arco-íris,
o esforço de amor, o maná em pequeninas rodelas,
tornam boa a vida. A vida rui? A vida rola mas não cai.
A vida é boa”. (Adélia Prado)

Esperança: substantivo feminino. Aqui, vamos compreender a palavra como verbo, à revelia da gramática, mas profundamente conformes à liberdade poética e à atitude para com a vida.

Esperança não deve ser confundida com expectativa, tampouco com ilusão. Ela é um motor que dinamiza a vida e a torna possível, em suas mais variadas perspectivas. Não é à-toa que se diz que, enquanto houver esperança, haverá vida.

As religiões bem compreenderam isso, de modo que a esperança, como virtude a ser exercitada, torna-se um valor promovido por muitas delas. Esperança é uma virtude iminentemente ligada à fé, no sentido da confiança de que um mundo novo é possível, de que a vida tem jeito, de que as relações e nós próprios podemos ser melhores, entre outras coisas.

Muitas vezes ela é confundida como se fosse um sentimento. Esperançar é uma atitude diante da vida!

A grande diferença entre a esperança e a expectativa é que a primeira é operosa, ela nos coloca em movimento. É como quem arruma a casa, à espera de uma visita muito bem-quista: não ficamos no sofá, apenas, esperando que a campainha toque.

“Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz” (Antoine de Saint-Exupéry, em O Pequeno Príncipe).

A expectativa, por sua vez, não tem outra conclusão, que não a frustração: mesmo quando as nossas expectativas são superadas, ainda assim há a frustração, porque não se deu da forma como expectávamos.

Sem nos alongar mais, vamos às meditações: no primeiro artigo de nosso Dom Especial, temos Fabrício Veliq, que escreve sobre a Teologia da Esperança: buscar a transformação social em situações de crise, no qual retoma o pensamento de importante teólogo do século passado que, a partir da própria experiência existencial, propõe sua teologia.

Dessa forma, Solange Maria do Carmo nos propõe o artigo Como esperançar e não ‘mitar’ em tempos de Covid-19.

No texto, a autora nos ajuda a refletir a importância da esperança, compreendida como verbo, para a superação dos ídolos, que nos enganam com falsas promessas e nos roubam a verdadeira esperança.

Conclui nossa reflexão, Antônio Ronaldo Nogueira, com o artigo Teologia e a pandemia de coronavírus: ‘a esperança não decepciona’, em que fundamenta todo nosso Dom Especial, na perspectiva da Ressurreição de Jesus, tema tão vivo na meditação dos cristãos e cristãs, na pascalidade destes, no calendário litúrgico.

Boa leitura! Esperançar quanto mais pudermos!

Fonte: Dom Total