Liturgia Diária

A morte de cruz o ápice do projeto messiânico

A morte de cruz o ápice da vida eterna.

A morte de cruz o ápice do projeto messiânico de Jesus.

Liturgia do Dia 5 de Abril – Domingo
RAMOS E PAIXÃO DO SENHOR
Antífona de Entrada
Seis dias antes da solene Páscoa, quando o Senhor veio a Jerusalém, correram até os pequeninos. Trazendo em suas mãos ramos e palmas, em alta voz cantavam em sua honra: Bendito és tú que vens com tanto amor! Hosana nas alturas!

Oração do dia
Deus eterno de todo-poderoso, para dar aos homens um exemplo de humildade, quisestes que o nosso salvador se fizesse homem e morresse na cruz. Concedei-nos aprender o ensinamento da sua paixão e ressuscitar com ele em sua glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

A morte de cruz.

Leitura (Isaías 50,4-7)
Leitura do livro do profeta Isaías.

O Senhor Deus deu-me a língua de um discípulo para que eu saiba reconfortar pela palavra o que está abatido.
Cada manhã ele desperta meus ouvidos para que escute como discípulo;
(o Senhor Deus abriu-me o ouvido) e eu não relutei, não me esquivei.

Aos que me feriam, apresentei as espáduas, e as faces àqueles que me arrancavam a barba; não desviei o rosto dos ultrajes e dos escarros.

Mas o Senhor Deus vem em meu auxílio: eis por que não me senti desonrado; enrijeci meu rosto como uma pedra, convicto de não ser desapontado.
Palavra do Senhor.

Anunciarei o vosso nome a meus irmãos

Salmo Responsorial 21/22
Meus Deus, me Deus, por que me abandonastes?

Riem de mim todos aqueles que me vêem,
torcem os lábios e sacodem a cabeça:
“Ao Senhor se confiou, ele o liberte
e agora o salve, se é verdade que ele o ama!”

Cães numerosos me rodeiam furiosos,
e por um bando de malvados fui cercado.
Transpassaram minhas mãos e os meus pés
e eu posso contar todos os meus ossos.

Eles repartem entre si as minhas vestes
e sorteiam entre si a minha túnica.
Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe,
ó minha força, vinde logo em meu socorro!

Anunciarei o vosso nome a meus irmãos
e no meio da assembléia hei de louvar-vos!
Vós que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe louvores,
glorificai-o, descendentes de Jacó,
e respeitai-o, toda a raça de Israel!

Leitura (Filipenses 2,6-11)
Leitura da carta de são Paulo aos Filipenses.

Jesus Cristo, sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus,
mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens.
E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz.

Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes,
para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos.
E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor.
Palavra do Senhor.

Jesus Cristo se tornou obediente, obediente até a morte numa cruz; pelo que o Senhor Deus o exaltou e deu-lhe um nome muito acima de outro nome (Fl 2,8s).

Evangelho (Mateus 27,11-54)

Glória e louvor a vós, ó Cristo.
N = Narrador
L = Leitor
P = Presidente
G = Grupo
N (Narrador): Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 27 11 Jesus compareceu diante do governador, que o interrogou:
L (Leitor): És o rei dos judeus?
P (Presidente): Sim.
N: Respondeu-lhe Jesus.
12 Ele, porém, nada respondia às acusações dos príncipes dos sacerdotes e dos anciãos.
13 Perguntou-lhe Pilatos:
L: Não ouves todos os testemunhos que levantam contra ti?
N: 14 Mas, para grande admiração do governador, não quis responder a nenhuma acusação.
15 Era costume que o governador soltasse um preso a pedido do povo em cada festa de Páscoa.
16 Ora, havia naquela ocasião um prisioneiro famoso, chamado Barrabás.
17 Pilatos dirigiu-se ao povo reunido:
L: Qual quereis que eu vos solte: Barrabás ou Jesus, que se chama Cristo?
N: 18 (Ele sabia que tinham entregue Jesus por inveja.)
19 Enquanto estava sentado no tribunal, sua mulher lhe mandou dizer:
L: Nada faças a esse justo. Fui hoje atormentada por um sonho que lhe diz respeito.
N: 20 Mas os príncipes dos sacerdotes e os anciãos persuadiram o povo que pedisse a libertação de Barrabás e fizesse morrer Jesus.

21 O governador tomou então a palavra:
L: Qual dos dois quereis que eu vos solte?
N: Responderam:
G (Grupo): Barrabás!
N: 22 Pilatos perguntou:
L: Que farei então de Jesus, que é chamado o Cristo?
N: Todos responderam:
G: Seja crucificado!
N: 23 O governador tornou a perguntar:
L: Mas que mal fez ele?
N: E gritavam ainda mais forte:
G: Seja crucificado!

N: 24 Pilatos viu que nada adiantava, mas que, ao contrário, o tumulto crescia. Fez com que lhe trouxessem água, lavou as mãos diante do povo e disse:
L: Sou inocente do sangue deste homem. Isto é lá convosco!
N: 25 E todo o povo respondeu:

G: Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos!

N: 26 Libertou então Barrabás, mandou açoitar Jesus e lho entregou para ser crucificado.
27 Os soldados do governador conduziram Jesus para o pretório e rodearam-no com todo o pelotão.
28 Arrancaram-lhe as vestes e colocaram-lhe um manto escarlate.
29 Depois, trançaram uma coroa de espinhos, meteram-lha na cabeça e puseram-lhe na mão uma vara. Dobrando os joelhos diante dele, diziam com escárnio:
G: Salve, rei dos judeus!
N: 30 Cuspiam-lhe no rosto e, tomando da vara, davam-lhe golpes na cabeça.
31 Depois de escarnecerem dele, tiraram-lhe o manto e entregaram-lhe as vestes. Em seguida, levaram-no para o crucificar.

32 Saindo, encontraram um homem de Cirene, chamado Simão, a quem obrigaram a levar a cruz de Jesus.

33 Chegaram ao lugar chamado Gólgota, isto é, lugar do crânio.
34 Deram-lhe de beber vinho misturado com fel. Ele provou, mas se recusou a beber.
35 Depois de o haverem crucificado, dividiram suas vestes entre si, tirando a sorte. Cumpriu-se assim a profecia do profeta: Repartiram entre si minhas vestes e sobre meu manto lançaram a sorte.
36 Sentaram-se e montaram guarda.
37 Por cima de sua cabeça penduraram um escrito trazendo o motivo de sua crucificação: Este é Jesus, o rei dos judeus.
38 Ao mesmo tempo foram crucificados com ele dois ladrões, um à sua direita e outro à sua esquerda.
39 Os que passavam o injuriavam, sacudiam a cabeça e diziam:
G: 40 Tu, que destróis o templo e o reconstróis em três dias, salva-te a ti mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz!

N: 41 Os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os anciãos também zombavam dele:

G: 42 Ele salvou a outros e não pode salvar-se a si mesmo! Se é rei de Israel, desça agora da cruz e nós creremos nele!
43 Confiou em Deus, Deus o livre agora, se o ama, porque ele disse: Eu sou o Filho de Deus!
44 E os ladrões, crucificados com ele, também o ultrajavam.
45 Desde a hora sexta até a nona, cobriu-se toda a terra de trevas.
46 Próximo da hora nona, Jesus exclamou em voz forte:

P: Eli, Eli, lammá sabactáni?
N: O que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?
47 A estas palavras, alguns dos que lá estavam diziam:
G: Ele chama por Elias.
N: 48 Imediatamente um deles tomou uma esponja, embebeu-a em vinagre e apresentou-lha na ponta de uma vara para que bebesse.
49 Os outros diziam:
G: Deixa! Vejamos se Elias virá socorrê-lo.
N: 50 Jesus de novo lançou um grande brado, e entregou a alma.

(Todos se ajoelham num momento de silêncio).

51 E eis que o véu do templo se rasgou em duas partes de alto a baixo, a terra tremeu, fenderam-se as rochas.
52 Os sepulcros se abriram e os corpos de muitos justos ressuscitaram.
53 Saindo de suas sepulturas, entraram na Cidade Santa depois da ressurreição de Jesus e apareceram a muitas pessoas.
54 O centurião e seus homens que montavam guarda a Jesus, diante do estremecimento da terra e de tudo o que se passava, disseram entre si, possuídos de grande temor:

G: Verdadeiramente, este homem era Filho de Deus!
N: Palavra da Salvação.

Comentário ao Evangelho

A morte de cruz o ápice da eterna.

A morte de cruz correspondeu ao ponto mais baixo e ao ponto mais alto do projeto messiânico de Jesus e de sua relação com os que escolhera para estar com ele.
Os discípulos, de qualquer tempo e lugar, ver-se-ão confrontados com ela.
Será inútil querer desviar-se dela.
A morte de cruz reduziu Jesus à condição de maldito de Deus.

As próprias Escrituras consideravam maldição a morte por enforcamento e, por extensão, por crucificação.

Paulo dirá que Jesus se fez maldição para nos libertar.
Poderiam os discípulos esperar algo de um Mestre suspenso na cruz?
Onde ficava seu projeto de Reino? Como entender tudo quanto fizera e ensinara, se era maldito de Deus? Por conseguinte, a cruz despontou como sinônimo de fracasso.
O reverso da moeda revela uma realidade bem diversa.

A cruz foi a prova definitiva da mais absoluta fidelidade de Jesus ao Pai.

Tentado das mais variadas maneiras a trilhar um caminho diferente, manteve-se fiel ao projeto divino, mesmo à custa da própria vida.
Quando se tratou de optar entre a fidelidade ao Pai, com todas as suas consequências, e as tentações de um messianismo mundano, carregado de glória e de reconhecimento, Jesus não teve dúvidas: optou pela fidelidade.
Sua morte estava em perfeita consonância com a sua vida.

A morte de cruz, lida nesta perspectiva, dá um sentido novo à vida de Jesus.
O fracasso receberá o nome de fidelidade, e a impotência chamar-se-á liberdade.

Oração
Pai, ajuda-me a descobrir, na morte de Jesus, um testemunho consumado de sua liberdade, e de fidelidade a ti e ao teu Reino.

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