Liturgia Diária

Jesus era todo de Deus, o senhor de sua vida.

Por isso, a vida da Jesus estava toda a serviço da libertação.

Portanto, esta realidade existencial escondia-se sob a aparência de Jesus transfigurado.

Liturgia do Dia 6 de Agosto – Terça-feira
TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR

Antífona de Entrada
O Espírito Santo apareceu na nuvem luminosa e a voz do Pai se fez ouvir: Este é o meu Filho amado, nele depositei todo o meu amor. Escutai-o (Mt 17,5).

Oração do dia
Ó Deus, que na gloriosa transfiguração de vosso Filho confirmastes os mistérios da fé pelo testemunho de Moisés e Elias e manifestastes, de modo admirável, a nossa glória de filhos adotivos, concedei aos vossos servos e servas ouvir a voz do nosso filho amado e compartilhar da sua herança. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Leitura (Daniel 7,9-10.13-14)
Leitura da profecia de Daniel.

Continuei a olhar, até o momento em que foram colocados os tronos e um ancião chegou e se sentou.
Brancas como a neve eram suas vestes, e tal como a pura lã era sua cabeleira; seu trono era feito de chamas, com rodas de fogo ardente.

Saído de diante dele, corria um rio de fogo. Milhares e milhares o serviam, dezenas de milhares o assistiam!

O tribunal deu audiência e os livros foram abertos.

Olhando sempre a visão noturna, vi um ser, semelhante ao filho do homem, vir sobre as nuvens do céu: dirigiu-se para o lado do ancião, diante de quem foi conduzido.

A ele foram dados império, glória e realeza, e todos os povos, todas as nações e os povos de todas as línguas serviram-no.
Seu domínio será eterno; nunca cessará e o seu reino jamais será destruído.
Palavra do Senhor.

Porque vós sois o Altíssimo, Senhor, muito acima do universo que criastes

Salmo Responsorial 96/97
Deus é rei, é o Altíssimo, muito acima do universo.

Deus é rei! Exulte a terra de alegria,
e as ilhas numerosas rejubilem!
Treva e nuvem o rodeiam no seu trono,
que se apóia na justiça e no direito.

As montanhas se derretem como cera
ante a face do Senhor de toda a terra;
e assim proclama o céu sua justiça,
todos os povos podem ver a sua glória.

Porque vós sois o Altíssimo, Senhor,
muito acima do universo que criastes,
e de muito superais todos os deuses.

Pois, “Este é o meu Filho bem-amado, no qual está o meu agrado”.

Leitura (2 Pedro 1,16-19)
Leitura da segunda carta de são Pedro.

Pois não foi seguindo fábulas habilmente inventadas que vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, mas sim, por termos sido testemunhas oculares da sua grandeza.

Efetivamente, ele recebeu honra e glória da parte de Deus Pai, quando do seio da esplêndida glória se fez ouvir aquela voz que dizia: “Este é o meu Filho bem-amado, no qual está o meu agrado”.

Esta voz, nós a ouvimos, vinda do céu, quando estávamos com ele na montanha santa.

E assim se tornou ainda mais firme para nós a palavra da profecia, que fazeis bem em ter diante dos olhos, como uma lâmpada que bri­lha em lugar escuro, até clarear o dia e levantar-se a estrela da manhã em vossos corações.
Palavra do Senhor.

Eis meu filho muito amado, nele está meu benquerer, escutai-o, todos vós! (Mt 17,5)

Evangelho (Lucas 9,28-36)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.

Passados uns oitos dias, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e subiu ao monte para orar.

Enquanto orava, transformou-se o seu rosto e as suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura.

E eis que falavam com ele dois personagens: eram Moisés e Elias, que apareceram envoltos em glória, e falavam da morte dele, que se havia de cumprir em Jerusalém.

Entretanto, Pedro e seus companheiros tinham-se deixado vencer pelo sono; ao despertarem, viram a glória de Jesus e os dois personagens em sua companhia.

Quando estes se apartaram de Jesus, Pedro disse: “Mestre, é bom estarmos aqui.

Podemos levantar três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias!” Ele não sabia o que dizia.

Enquanto ainda assim falava, veio uma nuvem e encobriu-os com a sua sombra; e os discípulos, vendo-os desaparecer na nuvem, tiveram um grande pavor.

Então da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho muito amado; ouvi-o!”
E, enquanto ainda ressoava esta voz, achou-se Jesus sozinho.

Os discípulos calaram-se e a ninguém disseram naqueles dias coisa alguma do que tinham visto.
Palavra da Salvação.

Assim, em toda a sua vida Ele só buscou a da vontade de Deus.

Hoje a liturgia nos conduz a reconhecer o êxodo de Jesus que tem seu ápice na plena vontade do Pai de libertação da humanidade.
Dessa maneira, vemos o diálogo entre Moisés e Elias, falando sobre a partida de Jesus – seu êxodo – oferece aos discípulos uma pista para compreender o conjunto da vida do Mestre, mormente, sua morte de cruz.

Assim, em primeiro lugar, em toda a sua vida só buscou a da vontade de Deus.
Os dois personagens vétero-testamentários representavam a Lei e os Profetas, ou seja, as Escrituras na sua totalidade.

Elas é que falavam de Jesus e permitiam compreender seu caminho que desembocaria na cruz.

Nada, na existência do Mestre, estava sob o signo da fatalidade.
Afinal, Ele era todo de Deus, e Deus, o senhor de sua vida.

Em segundo lugar, a alusão ao êxodo indicava que a vida de Jesus estava toda a serviço da libertação.

Semelhante ao êxodo do passado, quando o povo, sob a liderança de Moisés, foi resgatado da tirania do faraó, toda a existência de Jesus estava destinada a libertar a humanidade da escravidão do pecado e introduzi-la na terra da fraternidade.

Por fim, em terceiro lugar, o êxodo está ligado à figura do cordeiro pascal, cujo sangue livrara o povo da ira divina.

Assim sendo, o êxodo de Jesus, a ser consumado em Jerusalém com sua morte de cruz, pouparia a humanidade de semelhante ira.

Portanto, toda esta realidade existencial escondia-se sob a aparência de Jesus transfigurado. Contudo, a tragicidade do êxodo de Jesus não destruiria sua condição de Filho amado.

Oração
Pai, que a transfiguração leve-me a confessar Jesus como teu Filho amado, e a reconhecer que sou chamado a expressar o esplendor divino que trago dentro de mim.