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Padres casados e diaconisas na Igreja amazônica

Maioria de grupos sinodais defende padres casados e diaconisas

Padres casados e diaconisas pode ser a nova realidade para igreja amazônica.

Os dois temas foram vistos como solução para atender às necessidades pastorais da Igreja amazônica

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Foi-se discutido a possibilidade de haver um rito próprio para a região amazônica como acontece com as igreja orietais. (Vatican Media)

Foi divulgado, nesta sexta-feira (18) o resumo dos debates realizados pelos círculos menores do sínodo – quando os participantes da assembleia são divididos por grupos temáticos ou linguísticos.
Ao todo, 12 grupos puderam refletir sobre os assuntos mais repercutidos na assembleia sinodal até agora.

“É o primeiro passo em relação ao que o Senhor está pedindo à Igreja. Não são materiais elaborados.
Não são questões conclusivas, mas propostas e observações”, explicou padre Giacomo Costa, da equipe de comunicação do sínodo.

Padres casados

Em muitos desses círculos, pede-se abertura à possibilidade de ordenar homens casados “de fé comprovada”, os viri probati.
A proposta, de acordo com os bispos, permitirá que as zonas mais remotas da região amazônica, marcadas pela carência de sacerdotes, sejam atendidas efetivamente.

Reconhecendo que esse sínodo abre o catolicismo “a uma perspectiva eclesiológica diferente”, o círculo menor A, moderado por dom Jesus Cizaurre, bispo de Bragança, no Pará, diz que é urgente a concessão de ministérios ordenados aos homens e mulheres “maduros na fé”, provenientes das comunidades indígenas.

“Devemos aceitar que as diferentes situações requerem diferentes iniciativas”, acrescenta o único grupo formado por membros de língua inglesa e francesa.

Diaconisas

No encontro com os jornalistas desta sexta-feira (18), a irmã Daniela Cannavina, uma das participantes do sínodo, disse claramente que a assembleia “chegou à conclusão que deve abrir-se mais uma vez à reflexão teológica sobre o diaconato feminino”.
O grupo de língua espanhola A, moderado pelo cardeal mexicano Aguiar Retes, “pede que a mulher seja reconhecida pela Igreja através da ministerialidade”.

Outro círculo, moderado por dom Edmundo Valenzuela, arcebispo de Asunción, no Paraguai, pede que se estude com afinco essa possibilidade, “olhando para o futuro, não para o passado”.

Pecados ecológicos

O termo foi repetido por diversas vezes durante essas duas semanas de assembleia.
Alguns participantes pediram que seja promovida uma verdadeira “conversão ecológica” capaz de levar as pessoas a um verdadeiro exame de consciência em relação à destruição massiva do meio ambiente

“A Igreja se posiciona claramente na defesa do bioma amazônico contra a visão colonialista e mercantilista e declara a Amazônia como santuário intangível e imemorial da casa comum”, disse o círculo menor B, cujo relator foi o arcebispo de Palmas, dom Brito Guimarães.

Rito amazônico

Pede-se que a Igreja amazônica tenha seu próprio rito, como já acontece na Igreja Católica oriental.
Os padres sinodais do círculo menor B, de língua italiana, propõe, tomando como base o documento conciliar Lumen Gentium, “que a fé se exprima segundo as peculiaridades da própria cultura”. Outros pedem que apenas alguns elementos sejam integrados ao rito romano.

Outros assuntos

Parte das discussões também giraram em torno de temas ligados à defesa dos povos indígenas, imigração, pastoral urbana, inculturação, sustentabilidade, reforço na formação presbiteral (seja para padres celibatários que para os casados), pastoral urbana, violação dos direitos indígenas, a violência que se alastra pelo território e a defesa dos direitos humanos.

Por: *Mirticeli Dias de Medeiros é jornalista e mestre em História da Igreja pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Desde 2009, cobre o Vaticano para meios de comunicação no Brasil e na Itália e é colunista do Dom Total, onde publica às sextas-feiras.

Fonte: Dom Total