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Irmã Dulce une-nos a Deus sem dividir

Irmã Dulce, agora canonizada, passa a chamar-se Santa Dulce dos Pobres.

A Irmã Dulce une, não divide. Une a maioria católica sem ofender outras religiões e deve ser louvada por todos.

Os devotos do luxo

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Bolsonaro deveria representar o Brasil no louvável evento. Não foi por esquecer que, presidente, é presidente de todos. (Reprodução)

Por Carlos Brickmann

Irmã Dulce, agora canonizada, passa a chamar-se Santa Dulce dos Pobres. Certíssimo: aquela que foi santa em vida passa a ser cultuada e a dar seu santo exemplo aos católicos.
Mas, fora isso, está tudo errado: o presidente Bolsonaro não foi à canonização por questões eleitorais, o que é inaceitável, por misturar religião e política, e a comitiva brasileira que está no Vaticano, com algumas exceções, aproveita a inscrição de Santa Dulce dos Pobres no rol dos santos católicos para fazer uma viagem de rico, paga por todos nós.

Afinal, Bolsonaro deveria representar o Brasil no louvável evento.

Não foi por esquecer que, presidente, é presidente de todos. Sua esposa é evangélica, evangélicos são muitos de seus apoiadores.
E daí? A Irmã Dulce une, não divide. Une a maioria católica sem ofender outras religiões e deve ser louvada por todos – o que inclui este colunista, que não é católico nem cristão, mas louva quem faz o bem, seja qual for a religião que professe.

Quanto à enorme comitiva que foi ao Vaticano, com tudo de graça, com hospedagem na magnífica Embaixada brasileira em Roma, com diárias, muitos levando esposas, muitos levando filhos, que vergonha!
O vice-presidente Mourão cumpriu a missão de nos representar na canonização da primeira santa aqui nascida.
Os presidentes de Câmara, Senado, STF, vá lá.
O procurador-geral da República viaja por sua conta, ele e a esposa. Certo: mostra sua fé. Torrar dinheiro público e ostentar um terço no bolso, fé não é.

Muy amigo

Bolsonaro acreditou que, fazendo uma série de concessões a seu ídolo Donald Trump, conquistaria o status de aliado preferencial dos americanos.
O Brasil foi duríssimo na ONU ao apoiar a posição dos EUA com relação à Venezuela, o filho do presidente se fez fotografar com o boné de propaganda de Trump, e Trump, em troca, prometeu apoio à pretensão brasileira de entrar na OCDE, Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

Mas, em carta à OCDE, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, só citou Argentina e Romênia entre os candidatos à OCDE. Brasil, nem sonhar.

Trump garantiu a Bolsonaro que sua promessa continua valendo e disse que a carta de seu secretário de Estado era fake news.
Só que é uma carta, escrita, assinada pelo governo americano, e a promessa de Trump é verbal.
Mas o problema não é só esse: a Europa quer expandir rapidamente a OCDE, para garantir maioria de votos, e os EUA querem um avanço mais lento.

Por isso propuseram só dois candidatos, Argentina e Romênia. o que a Europa não pode aceitar: por vários motivos, precisa colocar também a Bulgária.
Se o Brasil for proposto, abre-se espaço para a Bulgária, o que Trump não quer. Logo, vale o que Pompeo escreveu, não o que Trump falou. Simples assim.

E faz falta

Para o Brasil, entrar na OCDE seria excelente: as normas do grupo exigem estatísticas precisas, normas rígidas de combate à corrupção, padrões iguais de legislação.
Para os investidores (especialmente fundos), estar na OCDE dá a um país um selo de boas práticas comerciais e segurança jurídica.
Quem sabe um dia o presidente Trump, nosso muy amigo, muda de ideia?

Bons indícios…

Há indicações de que Estados Unidos e China estejam chegando a acordos que, ao menos parcialmente, resolvam os problemas entre os dois países.
A informação da agência Bloomberg foi reforçada pelo presidente Trump que disse que há “boas coisas” entre EUA e China e que, tão logo se confirmem, haverá um acordo “rápido e limpo”.
Com base nesses indícios, a Bolsa brasileira subiu, e tudo indica que seu índice ultrapassará 104 mil pontos nos próximos dias.
A Bolsa de Nova York subiu 1,5%. Boas notícias.

…mas a guerra continua…

O presidente da República continua a exercer brilhantemente o papel de líder da oposição.
Há boas notícias? Então, deflagrou uma guerra com seu partido, o PSL. Bolsonaro sabe que o PSL, antes um partido nanico, cresceu com sua adesão (e com a vitória eleitoral dos bolsonaristas) e se tornou um dos maiores partidos do país. Se ele sair, o PSL volta à posição de partido nanico.
É verdade – mas, se os bolsonaristas saírem, poderão perder o mandato por infidelidade.

E as suculentas verbas destinadas ao partido ficam com ele, enquanto os parlamentares ficarão sem dinheiro para a próxima campanha.
A saída dos bolsonaristas, sob este aspecto, seria ótima para o presidente do PSL, Luciano Bivar: quem ficasse teria verbas muito maiores.

…e se amplia

Houve declaração de guerra também entre aliados.
Eduardo Bolsonaro e Major Olímpio, senador por São Paulo, praticamente romperam relações.
A luta envolve também a deputada federal mais votada, Joice Hasselmann, que se aliou a Major Olímpio.
Joice é candidata à Prefeitura paulistana, mas quem não a quer é o próprio Bolsonaro, que pretende lançar o apresentador José Luiz Datena.
Por que Datena? Porque tem prestígio. Porque não é Joice.

Carlos Brickmann
É jornalista e diretor do escritório Brickmann&Associados Comunicação, especializado em gerenciamento de crises.
Desde 1963, quando se iniciou na profissão, passou por todos os grandes veículos de comunicação do país.
Participou das reportagens que deram quatro Prêmios Esso de Equipe ao Jornal da Tarde, de São Paulo.
Tem reportagens assinadas nas edições especiais de primeiras páginas da Folha de S.Paulo e do Jornal da Tarde.

Fonte: Dom Total

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