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Amazônia em chamas é crime! É ecocídio

Nossa casa comum está queimando. A magnitude dos incêndios na Amazônia mostra a gravidade da tragédia.

Amazônia em chamas: um crime contra a humanidade

“Estamos todos preocupados pelos vastos incêndios que deflagraram na Amazônia.

Vastos incêndios descontrolados e deflagrados intencionalmente não são queimadas. É Crime! É ecocídio. (Victor Moriyama/ Greenpeace/ AFP)

Rezemos para que, com o compromisso de todos, sejam dominados o mais rapidamente possível. Este pulmão de florestas é vital para o nosso planeta” (papa Francisco oração do ângelus, 25/08).

Anoiteceu no Brasil. Uma espessa nuvem de fumaça cobriu o céu da maior cidade do país às três horas da tarde.
Vastos incêndios descontrolados e deflagrados intencionalmente não são queimadas.


É Crime! É ecocídio.

Resultado direto de cada declaração incendiária incentivando desmatamento, invasão de terras indígenas, assassinatos de lideranças ambientais.

O rastro de fogo visível do espaço retratava o casamento dos interesses do agronegócio e o obscurantismo que vem avançando em inúmeras medidas assassinas contra as populações mais pobres.

Bolsonaro é uma extensão da extrema-direita global, que rejeita o aquecimento, rompe os acordos climáticos e desmonta a legislação ambiental em benefício dos interesses do agronegócio e da mineração.


O fenômeno expôs o nível da catástrofe. Um país jogado nas sombras.

Nossa casa comum está queimando. A magnitude dos incêndios mostra a gravidade da tragédia na Amazônia. A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo e de maior biodiversidade.

É um dos espaços mais importantes para que haja vida, ela regula regimes climáticos.
Quando ela se degrada, há mais secas, mais incêndios e mais liberação de carbono. Toda exploração predatória na Amazônia deveria ser proibida.

O incêndio não é apenas mais uma catástrofe pontual, mas fenômeno que se repete ano após ano.

Mas 2019 está extrapolando todos os índices anteriores, agora, com o aval de um governo claramente antiecológico e cercado de ideólogos que consideram a mudança climática uma invenção marxista.

Um presidente que pensa que “preocupação ambiental é coisa para veganos que só comem vegetais”, incentiva que fazendeiros, madeireiros e mineiros destruam a maior floresta do planeta em ritmo acelerado.
Sua proposta de emenda constitucional que autoriza exploração agropecuária em terras indígenas tramita no Congresso.

A Amazônia foi absorvida pela economia.

Sua biodiversidade é avaliada em função de interesses econômicos.
No capitalismo, a produção e a relação humana com a natureza tem como objetivo a acumulação ilimitada de riqueza.
A natureza e o trabalhador são levados em conta somente quando são funcionais.

A relação é puramente mercan­til e predatória. Preocupações ecológicas são irrelevantes.
A extinção das espécies se torna problema apenas se afeta o lucro. A proteção da natureza está atrelada aos benefícios econômicos.

Amazônia queima, mas os indivíduos continuam consumindo

Como solucionar problemas ambientais incentivando o consumo?
Amazônia queima, mas os indivíduos continuam consumindo a mesma quantidade de bens e serviços e comendo alimentos envenenados por agrotóxicos sem questionar o anti-ecologismo destrutivo da economia.

A defesa da Amazônia feita por países ricos é hipócrita, não se importam com os povos que vivem na floresta.

As potências do G-7 querem continuar usando a região a seu favor.
Querem continuar comprando soja, peixes, comendo carne, extraindo riquezas às custas do desprezo pelos povos que vivem na floresta.
Esse é o objetivo: garantir o acesso às matérias primas da região.

Quanto mais desenvolvido está o capitalismo, mais frágil se torna a insuficiência de matérias-primas, quanto mais dura é a concorrência por matérias-primas, mais encarniçada é a luta por sua aquisição.

O Brasil é particularmente abastado em riquezas naturais.
É conhecida a presença de interesses estrangeiros no setor de petróleo, no pré-sal, na exploração do minério nacional, da importância do Aquífero Guarani, do nióbio localizado na Amazônia.

Bolsonaro ficará marcado como o maior inimigo da Amazônia.

Seu governo impulsiona uma política criminosa contra os mais fundamentais Direitos Humanos e os Direitos da Natureza.

Sua irresponsabilidade é destruidora.
A posição subalterna que o Brasil ocupa se deve à pequenez e incompetência de um mandatário afetado em sua capacidade de pensar, de sentir e de se comportar com decência.

Bolsonaro recebe apoio de grandes empresários, mídia, igrejas cristãs, sistema financeiro, ruralistas, militares, capital estrangeiro interessado na exploração da Amazônia.
Ricos que só querem ganhar dinheiro. Não existe bolsonarismo solidário e nem capitalismo sustentável.

“Este sistema impôs a lógica do lucro a todo o custo, sem pensar na exclusão nem na destruição da natureza.

Não há mais tempo para esperar um presidente que se comporte à altura do cargo. “Este sistema impôs a lógica do lucro a todo o custo, sem pensar na exclusão nem na destruição da natureza.
Este sistema é insuportável: não o suportam os povos.

Nem sequer o suporta a irmã Mãe Terra.


Por trás de tanto sofrimento, morte e destruição, sente-se o cheiro daquilo que Basílio de Cesareia chamava «o esterco do diabo»: reina a ambição desenfreada de dinheiro” (papa Francisco). O sistema é ecocida.

Os cristãos devem defender impetuosamente o meio ambiente.
Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da terra.

A batalha da Amazônia é a batalha de toda a humanidade.
“Todo cristão deve comprometer-se na defesa da biodiversidade, dos biomas e da riqueza das culturas locais” (Laudato si, n. 139).

Mas não basta rezar, é urgente agir. A Amazônia levará alguns séculos para recuperar parte do que já foi destruído.
E o Brasil? Esse precisa sair urgentemente da escuridão em que se meteu!

*Élio Gasda é doutor em Teologia, professor e pesquisador na Faje. Autor de ‘Trabalho e capitalismo global: atualidade da Doutrina Social da Igreja’ (Paulinas, 2001); ‘Cristianismo e economia’ (Paulinas, 2016).

Fonte: Dom Total

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